sábado, 5 de março de 2011

O que é um pontinho verde pulando no sofá?

Ou sobre a imensa capacidade de perdoar e amar aos pais!
Fim de noite e eu te dando banho. Como somos os corujões da vizinhança, tentamos controlar a barulheira que fazemos à noite. Chamei seu papai para pedir uma coisa e como pensei que ele não havia ouvido chamei de novo, em voz alta, porém sem gritar; mas eis que você, um gritalhinho de primeira porque convive com uma gritalhona, me solta a plenos pulmões: Ricaaardo!
Te reprimi na hora e fiquei brava, dizendo que iria te colocar de castigo por gritar à noite sem necessidade.
Seu pai não concordou pois entendeu que você não fez de propósito, porém eu insisti que o castigo era necessário. Você chorou e tentou negociar, como eu não cedi você aceitou e já começou a se adiantar ao castigo perguntando: eu vou para o quarto? Para ficar de castigo?
Ô dó!
Eu já comecei a titubear e te levei no colo para o castigo na cadeirinha tentando desanuviar o clima. Passados dois minutos conversamos e o castigo estava encerrado e então ... foi de iluminar a vida o sorriso que você deu, a alegria por sair do castigo, a gratidão à mamãe severa que o estava liberando do castigo. Correu para a cama e ficou pulando, de camiseta vermelha e bundinha de fora, todo feliz!
Parecia aquela piadinha infantil “o que é um pontinho verde pulando no sofá?”. É uma ervilha feliz porque saiu do castigo.
No caso, com aquela camiseta vermelha, você parecia um tomatinho cereja feliz porque saira do castigo.
Para mim tudo sempre leva a uma reflexão. Este episódio me fez questionar imediatamente (e não pela primeira vez) o sentido de uma educação com castigo como forma de enquadramento.
{Um pequeno parêntese, para quando você for maior, compreender como seu pai e eu chegamos ao que pensamos hoje:
há uns bons anos tivemos a felicidade de compreender que bater na criança, situação em que os adultos mostram o pior de sua incompetência e desequilíbrio, era a maior covardia do mundo.
Agora já não estou vendo sentido no castigo a não ser em casos que seja preciso te conter fisicamente, em um momento de histeria sem sentido ou de perigo iminente (nos quais às vezes você se coloca), porque sinto que talvez seja suficiente entender você e conversar em todas as outras situações}.
Afinal, aquele seu grito chamando pelo papai foi apenas um impulso.
Obrigado tomatinho por existir e me fazer aprender!
Mamãe. 03/03/11
Este sorriso é a pureza do amor que só vocês podem nos dar!

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